quarta-feira, dezembro 10, 2008

Poesia de uma prosa mal resolvida




Baralha-me...
Baralha-me a uma só mão...
com aquela que me davas,
sempre que passávamos do espaço ao infinito,
se o que um dia dissémos,
pareceu saído de uma melodia
criada por quem nunca tocou um único instrumento...
Baralha-me...
Baralha-me as chuvas e os ventos,
que teimámos em nunca sentir,
tamanho era o fogo da lareira que ardia por nós...
Baralha-me...
Baralha-me com tudo o que me deixaste,
as cinzas, os despojos, os silêncios
de quem se ensurdece de tanto querer ouvir
o que do outro lado, não se consegue dizer...
Baralha-me...
Baralha-me,
sempre que quiseres que eu te entenda...

segunda-feira, novembro 17, 2008

sexta-feira, setembro 12, 2008

Se me visses...



tocar(-te) nestas teclas que eu nunca (te) tive,
talvez (te) ouvisses...
se...

E porque não, mulher?...



O teu corpo cair do rosto do meu suor,
gelando a água pintada a azul,
que presa na tela, nunca me há-de conseguir matar a sede...
E porque não, mulher?...
Queimares o sol, com pontas de cigarro,
se ele te envolve sem nunca te conseguir aquecer...
E porque não, mulher?
Escolheres o vermelho como côr da esperança,
se é ele que te corre e fica nas veias,
mesmo depois de eu morrer...
E porque não, mulher?
Lembrares-te de mim, ligares e escreveres,
dares um ar da tua graça, dois dedinhos de conversa,
mesmo depois de eu te esquecer...
E porque não, mulher?
E porque não?...

terça-feira, setembro 09, 2008

Assim vou eu caminhando...



sentado na espera de uma espera(nça)
que já não me desespera...
Assim vou eu gritando,
com todos os botôes daquela minha camisola
que, há muito tempo e para sempre, ficou em tua casa...
E digo-te já,
que não os quero de volta,
nem tão pouco a camisola,
apenas que te digam
"É assim,
que ele vai caminhando..."
...
E tu, porque páras e porque ficas?...assim...tão cá dentro de mim...
Se ao menos soubesses a minha direcção,
ou para onde caminho,
sempre me poderias escrever...

quarta-feira, agosto 13, 2008

Gerado por amor...fui escrito nas estrelas...




Bem sei que sou uma pessoa honesta,
nariz pouco empinado, traços simples,
cuja vida afectiva é importante,
feita de alguns pontos de interesse
outros tantos, tão negros, que me tornam pouco interessante…
Atencioso, tenho mais atenção,
à tensão entre o futuro e as resistências do passado
e isso causa-me explosões de raiva que não te passam ao lado…
Sei que sou aberto,
mas também sei que nem tudo o que digo te parece certo
e se gosto de astrologia, não é por influência da mãe ou da tia,
mas do Sol em Urano
que de uma estrela apaixonada se transformou em planeta desumano…
Sei que sou sociável,
mas, às vezes, consigo passar horas a fio a tentar não ser amável
e se sou racional nos sentimentos, é porque não há razão para viver ao sabor de certos ventos…
Sei que tenho medo de ser ferido,
mas cautelas e caldos de galinhas são para mim um amor antigo
e se crio expectativas altas, mais alto eu subo quando no chão eu sinto que me faltas…
Sei que me defendo atacando,
mas são as reacções bruscas de uma mente que pelos vistos não tem pilhas no comando
e se tenho necessidade de encontrar o equilíbrio entre a razão e o instinto,
Então eu escolho encontrar-me…a ti…
e muito mais haverá para dizer,
Quiçá um dia,
em que a noite me encontre de novo assim…

sexta-feira, agosto 01, 2008

Entro na mesma sala de sempre…



Fumo atrás do fumo, que de cortinados estou eu farto,
Escondendo-me dos cigarros que eu não acendo,
Que eu nunca sequer chego a (a)pagar, a não ser com o corpo…
São tantas as cicatrizes,
que tinjo a parede de saudade e de lembrança,
sem já sequer me recordar de que côr a cheguei a pintar…
Parece que foi ontem que te comecei a viver
E já me sinto preso neste barco do “quando te voltarei a encontrar?”…
Neste barco que navega sobre o fumo de uma água que ninguém do lado de cá sabe se existe…
As margens separadas, por um ténue momento,
parecem longas quando não existem pontes…
Mas eu tenho-te comigo, cá deste lado,
Sem nunca te prender…
E eu meto-me contigo, cá deste lado,
Sem nunca te mexer…

sexta-feira, maio 23, 2008

Dediquei-te...



mares e rios e lágrimas, feitos de prosa e latim,
ancorados à margem de palavras mergulhadas em poesia...
Mas de tão presas que estavam,
umas esmagaram-se contra as rochas
e outras tantas perderam-se num labirinto de lodo,
rasgando-me a garganta, a vontade,
ou tudo o que restou de ambas...
Pediam-te um minuto, em meu nome,
mas foi num minuto que se perderam,
num tempo sem espaço para olhar para trás...
Antes de partirem,
confidenciaram-me o facto de não terem compreendido a tua (falta de) acção
ao qual eu respondi,
"Não se preocupem,
que ela também não vos compreendeu...palavras minhas!!!!"
Então e antes de se transformarem em outras frases, sorriram...
pois no fim de contas, sempre se sentiram lidas...

quarta-feira, maio 07, 2008

Aos olhos azuis que me dão côr...



Deixa-me que te diga,
ao ouvido...
as milhas que, na tua ausência, até agora eu percorri,
os pirolitos de água que, na tristeza, eu engoli,
a quantidade de sonhos que, fora da tua cama, eu vivi...
Deixa-me que te diga,
ao ouvido...
o quanto,
é bom ouvir, de novo, a tua voz...
e nele descansar,
o tamanho do quanto eu tenho para te dizer...

segunda-feira, março 31, 2008

Escrita automática...



Estar...existir...desejar...sonhar...calor...abraço...
corpo...olhos...os teus...azuis...azul...céu...verdade...
ternura...beijo...toque...saudade...verdade...rir...
gargalhar...sotaque...adormecer...quente...luz...
tranquilo...espera...alegria...viver...
lado bom...vida...ter...
ser...conquistar...imaginar...amar...quem?...
Porquê?...Um dia...quem sabe...velas...música...vinho...Amor...
incondicional...uma noite...será?
Pedir...desejar...muito...tanto...viver...bem...comigo...próprio...

quarta-feira, março 19, 2008

Eu sei...



que já podia ter chegado...
Mas depois,
que sentido faria a promessa que fiz,
quando disse que chegaria a horas?...

terça-feira, março 11, 2008

Esta, sim...



Esta, é a minha Lisboa...
A minha urbanização maior,
o meu sentido luxuoso de coexistência
entre o céu e a terra, sem tons de cinzento
ou rasgos de arquitectura deformada...
Esta, é a minha Lisboa...
onde não preciso de fechar os olhos ao chão,
nem virá-los para o lado...
onde apenas me deixo cair,
para que a terra suporte o peso do meu corpo
e meus olhos,
a elevem à leveza de um azul,
que eu amo e que sei bem quem o inventou...
Esta, é a minha Lisboa...
Onde escrevo as minhas memórias,
numa árvore ansiosa por conhecê-las,
da ponta de suas folhas
à imensidão da sua raíz...
Esta sim...
Esta, é a minha Lisboa...
E deitado ao lado de uma margarida,
adormeço eu...
adormeces-me tu...

Esta Lisboa...



tão suada e tão suja,
mãos descalças,
pés de cinza,
onde a pisas por qualquer rua...
Cruza-se o fumo
e as linhas de um eléctrico
que não pára no seu destino
e onde o tempo desagua num esgoto a céu aberto...
Esta Lisboa,
que nos olha e nos conforta,
com uma aura de luz tão tímida,
que são poucos
os que a olham de frente...
onde são poucos,
os que vivem como gente...

segunda-feira, março 10, 2008

Afasta-me...



com toda a força do teu pensamento,
pois sabes bem, que nunca te cheguei a tocar
e se mexo assim, tanto contigo, deixa que eu pare...
Deixa que o tic-tac viva, até, por ele, rebentar...
Depois...depois então, afasta-me...
com a força do teu vento,
que sopra borboletas, malmequeres e espinhos na direcção errada...
Afasta-me,
Afasta-me se queres ver o que existe por detrás de mim,
na confusão de uma rua onde ninguém tropeça em ninguém
e as pedras choram, de tão pisadas que são...
Depois e só depois,
Afasta-me...

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Faço...



Faço vezes sem conta,
viagens sem retorno...
não pago bilhete,
nem tão pouco sou apanhado...
porque quando chego ao meu destino,
aí sim...
aí, eu sei que nunca,
cheguei a partir...

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Esta...



Esta é a última vez,
que me agarro a ti...
Fazes-me andar demasiado nas nuvens,
fazes-me doer demasiado os pés...

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

A minha alma não se mede...


A minha alma não se mede aos palmos,
nem tão pouco é feita de pés assentes na terra...
Ela gosta que as portas lhe batam e as campainhas lhe toquem no ombro,
perguntando-lhe,
"Porque não vais brincar lá fora?
Estão aqui os teus amigos...e o dia está tão bonito...!!"...
A minha alma chora e sorri, sem motivos aparentes,
é feita da idade dos "Porquê?"
e sente o peso da vida,
quando dá uma resposta mais torta...
A minha alma não se mede aos palmos,
e voa com o vento,
cheia de pedaços de terra nos pés...

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Quanto...



Quanto mede a tua alma?...
Ela voa com o vento?...
Gosta mais de bater à porta, ou tocar campainhas?...
Chora com a presença, ou sorri com a ausência?...
Prefere perguntar "Porquê?" ou responder "Porque sim...!"?
É feita do que mais faz sentido, ou sente tudo o que é demais?
Quanto mede a tua alma?...
Ela voa com o vento?...

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Quando...



Quando a carne se toca...
e no rasgar da mesma, não fica pinga de sangue...
Isso, é a sensualidade à flôr da navalha,
pois a pele já não existe...